ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

REGISTRO FINAL DA INTERVENÇÃO

 DADOS

1-      ORIENTANDO(A): THAIS SANTANA BASTOS SILVA

2-      ORIENTADOR(A): CAMILA FIGUEIREDO

3-      TEMA: BAIXA AUTO-ESTIMA X AGRESSIVIDADE

4-      ESCOLA: MUNICIPAL CORAÇÃO DE JESUS

5-      PERÍODO: AGOSTO A DEZEMBRO 2010

AÇÕES PREVISTAS DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

Ø      Entrevista por amostragem;

Ø      Atividades de sensibilização em cada sala de aula;

Ø      Seminários Temáticos com alunos;

Ø      Dia do obrigado, por favor, licença;

Ø      Roda de conversa;

Ø      Seminários Temáticos com os pais.

DETALHAMENTO DAS AÇÕES REALIZADAS ATÉ O MOMENTO

A princípio não houve nenhuma resistência por parte dos alunos diante da apresentação do formulário de entrevista. A escolha dos entrevistados foi aleatória, sendo escolhido três alunos de cada turma da Educação Infantil ao 5º ano, não sendo observado, neste momento, o comportamento do aluno na unidade escolar. Pois a idéia era entrevistar alunos com perfil de baixa-auto estima, alunos com perfil agressivo e alunos agredidos.

As entrevistas foram individuais e os alunos se apresentaram com tranqüilidade respondendo às questões e relatando casos ocorridos com eles na escola.  Após as entrevistas foi notado um padrão de comportamento do grupo:

Ø      Gostam de ser bem tratados e valorizam esse comportamento no próximo;

Ø      Acreditam que a família é o grupo social mais importante para a formação do indivíduo;

Ø      Nem sempre se sentem importantes e valorizados no ambiente familiar e escolar;

Ø      Não acreditam que o seu comportamento afete diretamente a vida do colega, ainda que seja um comportamento agressivo.

Partindo dessas questões surgiu a vontade / necessidade de um trabalho em grupos,

com a intenção de mostrar o impacto do comportamento individual num ambiente coletivo. Desse modo, as atividades de sensibilização em sala de aula trazem o trabalho com jogos de parceria sempre na perspectiva da importância da ajuda do outro.

Os jogos buscam:

Ø      Favorecer a integração, atenção, colaboração;

Ø      Trabalhar o autocontrole;

Ø      Desenvolver habilidades como atenção, concentração, raciocínio lógico;

Ø      Incentivar a capacidade de decisão rápida,observação, agilidade;

Ø      Valorizar o trabalho do outro;

Ø      Perceber a importância do outro para o próprio êxito.

E, os alunos estão descobrindo o valor da amizade, da parceria e como é importante o trabalho coletivo, pois se o trabalho é coletivo todos precisam se empenhar e permitir que cada um desempenhe o seu papel.

Diante disso, a intervenção na escola ganhou uma nova perspectiva e os jogos foram ganhando cada vez mais força. A escola possui dez salas sendo sete utilizadas para aula, mas não possui nenhuma área livre para recreio e atividades esportivas, então cada turma fica restrita ao seu grupo de convívio pouco interagindo com os demais colegas. Apesar do pouco espaço escolar ficou estabelecido que os grupos deveriam interagir (brincar) e discutir questões comuns em momentos pré-estabelecidos.

A Roda de conversa foi uma ação que gerou muitas discussões com os grupos, pois não estamos acostumados a resolução de problemas reais e, em muitos casos, por motivos insignificantes. Fiou acordado que em cada sala de aula sempre que houvesse necessidade por motivo de: brigas, intolerância com os colegas etc, as atividades seriam paralisadas e todos deveriam ajudar na solução do problema e a necessidade ou não de punição para o responsável. Isso possibilitou um maior amadurecimento do grupo em relação às atitudes tomadas e uma elevação na auto-estima devido a importância da participação individual para solucionar um problema coletivo.

Ainda nesse contexto da roda de conversa ficou estabelecido a necessidade de utilização das palavras: OBRIGADO, POR FAVOR E LICENÇA e, estabeleceu-se alguns dias que essas palavras não poderiam ser esquecidas 16/08, 23/08, 30/08,13/09, 20/09, 27/09. Nesses dias todo o ambiente escolar era favorável para que se lembrassem das palavras com cartazes e desenhos. Atualmente, estamos tentando trazer tais palavras para o nosso contexto diário.

Neste mês de novembro iniciamos com os alunos do 5º ano algumas reflexões acerca da agressividade e como esse comportamento pode ser maléfico para o outro. E, a partir disso iniciou-se algumas rodas de conversa com as outras turmas sempre com um grupo de alunos do 5º ano dando a direção. Ainda estamos no início desta ação, mas já estamos percebendo o entusiasmo do grupo com a atividade. Pena que o ano letivo já esta acabando, porém os alunos do 4º ano que em 2011 serão 5º ano já estão cientes e entusiasmados com a possibilidade de serem eles os próximos a comandar.

O Seminário temático com os pais está marcado para o Mês de dezembro onde será apresentado e discutido as ações realizadas pela escola e pelos alunos neste período.

                                                                     

                  

DIFICULDADES ENCONTRADAS

Até o momento a maior dificuldade é mesmo a questão do tempo para o caminhar das ações. A escola abraçou o problema de pesquisa e todos estão empenhados nesta questão que compromete o desenvolvimento do trabalho administrativo e pedagógico.

MUDANÇAS PLANEJADAS/ REALIZADAS

A atividade de sensibilização, a princípio, não foi pensada no trabalho com jogos. A escolha foi feita buscando jogos específicos levando o aluno a trabalhar em grupo, zelando pelo bem estar do colega para o bom andamento da atividade. Entretanto, este novo olhar surgiu e foi muito bom lançar este desafio para eles que estão sempre competindo por questões banais sem se preocupar com o outro.

Nesta perspectiva, foram obrigados, ainda que de maneira descontraída a pensar no colega e na importância deste para o resultado final do trabalho.

A princípio foram pensados seminários temáticos com os alunos do 5º ano para todos os segmentos da escola, mas estão sendo realizadas apenas conversas informais porém com o mesmo conteúdo que seria abordado nos seminários.

REFLEXÕES SOBRE A INTERVENÇÃO

Este projeto de intervenção tem permitido a reflexão principalmente do corpo administrativo e docente na unidade escolar, pois estamos percebendo que os nossos alunos são individualistas e agressivos devido a um estímulo externo à escola, sempre valorizando a situação de superioridade. Diante disso, o aluno é vítima, e quando não consegue atingir esse padrão tem uma queda na auto-estima por julgar-se inferior aos demais.

Este estudo da baixa auto-estima com o comportamento agressivo dos alunos tem permitido um novo olhar para este aluno dito agressor, que muitas vezes não se aceita e ver no outro a possibilidade de descarregar suas tensões ou os maus tratos recebidos no ambiente familiar.

A princípio o trabalho não tem como objetivo direto tratar destas questões com a família, pois várias reuniões já foram feitas tratando deste tema e infelizmente não houve resultado satisfatório. Diante disso, o foco de trabalho é o aluno. O objetivo é valorizar o indivíduo, mostrar sua importância e seu valor para então chegar à importância e o valor do outro.

Apesar das ações realizadas até o momento ainda temos muito que trabalhar com essas crianças para chegarmos num nível aceitável de tolerância. Entretanto, já conseguimos perceber algumas reflexões e questionamentos que nos permite acreditar que o trabalho vem dando resultado. É óbvio que trabalhar agressividade e elevação da auto-estima precisa ser um trabalho diário e reflexivo. Mas nós já iniciamos dando alguns passos.